Está a tornar-se cada vez mais evidente que muitos dos novos TLDs lançados desde 2013 não são negócios viáveis. Apesar de algumas exceções notáveis tal como o .xyz, a maioria tem tido problemas em apresentar números positivos. Uma surpreendente percentagem de 70% não tem qualquer conteúdo alojado, o que ajuda a explicar a razão pela qual as taxas de renovação são significativamente mais baixas que a média da indústria.
No entanto, estou confiante que .africa irá ter sucesso. A extensão que reflecte verdadeiras necessidades e tem um target que existe (ao contrário de outras, como o .george). É um projeto conjunto entre a Comissão da União Africana e o Centro de Registo da África do Sul (ZACR), duas organizações regionais prestigiadas cujos interesses vão para além do lucro a curto prazo, e que possuem tanto os recursos como o know-how para executar a operação.
E, acima de tudo, não estará a competir diretamente com o .com e .net. O .africa é visto como uma alternativa às extensões dos diferentes países do continente (ccTLDs). Apesar de algumas destas funcionarem bem, outras são demasiado dispendiosas, sofrem de falhas ocasionais, não têm procedimentos de disputa e não nem sequer podem ser compradas online. A proposta de valor aumenta ainda mais quando incluímos o facto de que a maioria das empresas africanas presentes na internet operarem em vários países.
Ao preencher estes requisitos, .africa está posicionado para triunfar quando for lançado ao público em Julho deste ano.
Como chegámos a uma situação em que os monopólios estão a falhar?
Em meados dos anos 2000, era claro que o número de nomes de domínios disponíveis das duas ubíquas extensões de domínios genéricas, .com e .net, estava rapidamente a esgotar-se. A facilidade e falta de requisitos para registar estes domínios, combinada com o crescimento exponencial do uso da internet, aumentou o nível de urgência de um debate alargado sobre o que fazer com este problema.
É conhecido que a combinação de escassez e desregulação levam à especulação. As regulações draconianas da disputa de domínios, que ainda hoje se encontram em vigor, reduzem os riscos à entrada de especuladores(ou investidores, dependendo do ponto de vista) no mercado dos domínios. Este grupo estava a ocupar uma parte cada vez maior dos nomes disponíveis, apesar de não ter quaisquer direitos de PI em nenhuma parte do mundo (real).
Introduzir novos TLDs para reduzir a escassez foi a resposta da ICANN para este problema. A ideia por detrás desta iniciativa era que o aumento da oferta de alternativas seria mais apropriado para o propósito de quase todos os domínios específicos. Uma cafeteria em Nova Iorque poderia, potencialmente, ter a possibilidade de escolher entre aminhamarca.com, aminhamarca.coffee e aminhamarca.nyc e não ser impedida de adquirir um nome de domínio curto e relevante para o seu negócio.
Em 2013, as comportas para uma nova corrida do ouro estavam prestes a abrir. Foram submetidos milhares de pedidos para novos TLDs. Pela forma como o processo de aprovação foi gerido, cedo ficou claro que desde que uma entidade agisse em conformidade com as regras da ICANN, e estivesse disposta a investir uma quantia elevada, não haveria entraves adicionais para que fosse possível operar domínio de topo. Poucos a nenhuns limites foram impostos no que toca ao número de TLDs a serem lançados, a similaridade entre eles, ou o propósito que iriam servir.
Na altura, peritos de vários campos alertaram para os efeitos negativos da nova política.
Economistas de renome notaram que a fragmentação excessiva do mercado tinha a possibilidade de causar danos na indústria. Especialistas de propriedade intelectual insistiram que não havia distinção suficiente entre algumas das novas extensões. Profissionais de segurança estavam preocupados com a introdução de novos vetores de ataque de phishing e a inaptidão de alguns sistemas de computadores mais antigos para lidar com os novos IDNs disponíveis.
Da perspectiva dos titulares de marcas estabelecidas, foi uma época de grandes desafios e incerteza. A difícil escolha passava por registar defensivamente todos estes novos domínios, ou investir na Trademark Clearinghouse. Ambas as opções tinham custos, e nenhuma era uma forma infalível de assegurar que os seus direitos eram protegidos.
Não obstante, desde 2013, mais de 1200 novas TLDs foram adicionadas à rede da internet.
Desafios à vista
Os dados disponíveis mostram que, mais de um ano a sua data de Disponibilidade Geral (DA), a maioria dos novos TLDs ainda não alcançou os 10.000 domínios registados e consequentemente está a ter prejuízo. As taxas de renovação são mais baixas que as da média da indústria. Adicionalmente, cerca de 70% destas propriedades são simplesmente domínios registados sem qualquer conteúdo. É incerto quantos destes são apenas registos defensivos.
Apesar disto, podemos ter a certeza de uma coisa: os novos TLDs estão aqui para ficar. Isso não quer dizer que todas elas sejam lucrativas no seu atual modelo de negócio. A tendência da indústria é agora consolidar para reduzir custos e obter savings.
O fim da linha aproxima-se cada vez mais para alguns. Nestes casos, uma sub-comité da ICANN chamado EBERO (Emergency Back and Registry Operator), irá intervir e assumir o controlo dos registrars por um período de 3 anos. Depois disso, provavelmente irão desligar os routers.
A conexão Africana
No que toca a África, no lado do utilizador, o progresso do uso da internet tem sido constante.
Mais e mais pessoas e negócios na região têm vindo a aparecer online. O preço das conexões de internet, particularmente banda larga nos telemóveis, têm estado a baixar de forma constante e são agora acessíveis a uma fatia cada vez maior da população. Têm acontecido várias coisas interessantes, à medida que a tecnologia transpõe as barreiras de viabilidade económica que os serviços tradicionais não conseguem. Por exemplo, alguns países africanos têm taxas de utilização de serviços financeiros online equivalentes ao mundo ocidental. Funcionalidades avançadas, como a hipótese de pagar as contas da água e da luz online estão disponíveis em várias localizações, tanto urbanas como rurais.
Gigantes da tecnologia como o Facebook e o Google reconheceram a oportunidade de aumentar a sua base de utilizadores, e têm apoiado este avanço. Alguns discutem que as suas razões, ao invés de altruístas, são focadas apenas no negócio, mas os benefícios estão lá de qualquer maneira.
Este progresso não tem sido acompanhado pelas diferentes extensões de domínio do continente. A maioria das extensões em África são geridas direta ou indiretamente pelo setor público e têm pouco reconhecimento. Das 54 nações que formam o continente, apenas cerca de uma dúzia têm uma infraestrutura sólida implementada, juntamente com uma plataforma de registo funcional, um plano de negócios bem delineado e as políticas necessárias para ter um TLD saudável e funcional.
A nossa experiência aqui na Inventa International diz-nos que os negócios africanos que investem em domínios na internet tendem a ser transnacionais, normalmente fazendo negócio além-fronteiras com os países vizinhos. Desde viajantes a amigos, também aprendi que bem fundo em todos os africanos há uma sensação real de pertencer ao continente, muito mais que em quaisquer outras regiões do mundo.
O plano elaborado pelo Instituto da África do Sul (ZACR) e a Comissão da União Africana (CUA) parece estar bem delineado. Como exemplo, juntamente com a Trademark Clearinghouse (TMCH), o .africa apoia dois programas adicionais para envolver a comunidade: o “dotAfrica Pioneer Programme”, elaborado para criar uma plataforma para trazer em conjunto partes interessadas com o objetivo de criar uma plataforma para criar awareness, e a “Mark Validation System” (MVS), uma alternativa económica à TMCH para titulares de direitos. Esta visa assegurar que os direitos dos detentores de marca irão permanecer depois do período de arranque (sunrise) como um serviço de vigilância.
Há uma subcomissão do “dotAfrica Steering Committee” dedicada a manter as políticas e assegurar que são atualizadas de acordo com necessidades futuras. O sistema MVS irá também permitir que os procedimentos de disputa sejam mais simples. Este estende-se após o lançamento como um serviço de vigilância irá sem dúvida aumentar a facilidade de lidar com a violação dos direitos dos titulares. O processo será similar ao comum UDRP, com três painelistas designados, mas o facto de não ter de se provar má fé sem os meios para o fazer, irá tornar a entrada de especuladores e difamadores mais complicada.
Isto mostra que .africa tem um target sólido, fez o trabalho de casa e não se precipitou. O facto de preencher uma necessidade real, juntamente com a garantia que será bem gerido e adequadamente taxado deixa-me confiante sobre o .futuro do .africa.
Pesquisas mostram que, até agora, cerca de 80% do negócio Africano tem optado por domínios .com e .net. A única maneira de aliviar alguma da pressão especulativa no .com e .net é desenvolver novas extensões aliciantes para um segmento dos utilizadores e negócios da internet. Isto é exatamente o que o .africa irá fazer e que algumas outras das novas TLDs nunca serão capazes de alcançar.
O período de arranque (sunrise) está em curso e estará disponível até 2 de junho. Entre 2 de Junho e 30 de julho, os registos estarão abertos através dos institutos da ICANN e serão finalmente lançados ao público a 4 de julho.
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